Produtividade primária e hidrologia de um sistema flúvio-estuarino amazônico da ilha de marajó - pará (amazonia oriental)
Resumo
Este artigo analisa a produtividade primária e hidrologia do estuário superior do rio Arari (Ilha de Marajó). Foram avaliados os parâmetros físicos e químicos (t°C, TDS, CE, transparência, maré, pH, nitrato, nitrito, N-amoniacal, fosfato, silicato). Coletas simultâneas de águas foram realizadas (chuvoso e seco de 2009 - sizígia), em 3 estações (1) foz do estuário do rio Arari, (2) Cachoeira do Arari e (3) Fazenda Murutucú. Os parâmetros foram analisados por métodos de estatística descritiva e multivariada, Análise de Componentes Principais (ACP) e Cluster. Observou-se diferenças entre os períodos, demonstrando influência da descarga fluvial, turbulência, precipitação e maré nas águas do estuário do rio Arari. Os valores de CE, máximo de 233 µS.cm-1 revelam que não há influência salina durante o ano. A transparência foi de 55 cm máximo/chuvoso) e 15 cm (seco), revelando a disponibilidade de luz como o principal fator limitante da produtividade primária. O nitrito e N-amoniacal predominam durante o chuvoso (mediana de 0,32 µmol.L-1 e 18,1 µmol.L-1). Durante o seco, a concentração de nitrato aumenta (mediana de 24,98 µmol.L-1). Concentrações elevadas de N-amoniacal em ambos os períodos, com máximo de 41,67 µmol.L-1, 12 vezes maior que o mínimo 3,33 µmol.L-1 (seco). O fosfato foi < 2 µmol.L-1 durante o ano, com mediana de 0,32 µmol.L-1 (chuvoso) e de 0,46 µmol.L-1 (seco). O silicato teve valor maior no seco, com mediana de 33,7 µmol.L-1 (chuvoso) e 75,88 µmol. L-1 (seco). No chuvoso, a descarga de água do rio Arari promove a mistura das águas no rio.
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