As florestas do Miombo angolano como sumidouros de carbono: um caso de estudo no Huambo
Resumo
Em Angola, a abordagem do papel das florestas está mais voltada ao seu aproveitamento e sua protecção em relação ao papel contra as alterações climáticas; é importante considerar também que elas estão entre os maiores sumidouros de carbono do mundo. Este estudo avaliou a capacidade de sequestro de carbono de algumas espécies do Miombo Angolano. A análise geoespacial de diferentes parâmetros biofísicos do município do Huambo, o levantamento de dados de inventário florestal tradicional (6 parcelas rectangulares) e sua geolocalização e a aplicação do modelo matemático canadense de estimação de sequestro de carbono (The Envirothon e The Yukon Envirothon), constituíram a base metodológica da pesquisa. Os resultados apontaram que 73% do município do Huambo estavam cobertos por classes de vegetação (zonas agrícolas 32%, áreas florestais 20%, pastos/vegetação herbácea 3% e arbustos 8%) e o restante (27%) repartiam as outras classes (zona urbana, corpos de água e solo exposto). As estatísticas médias das espécies nas parcelas foram: área basal 1,36 m2ha-1, volume de madeira 2,61 m3ha-1 e número de indivíduo 360 árvores.ha-1. As espécies com maior capacidades de sequestro de carbono foram: C. collinum com 1102 toneladas C.ha-1, P. maprouneifolia 526 t C.ha-1, T. brachystemma 332 t C.ha-1, D. condylocarpon 308 t C.ha-1 e H. acida com 264 t C.ha-1. Estes casos estavam relacionados com as características fisiológicas vegetais de cada espécie. Tendo em conta as suas capacidades como sumidoras de carbono, recomenda-se que haja maior conservação destas espécies.
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