Análise da resposta bioindicadora de amebas testáceas ao processo de assoreamento de um lago urbano

Ana Paula Moreira Tito, Leilane Talita Fatoreto Schwind

Resumo


Impactos antrópicos como a deterioração das áreas de cobertura vegetal em torno dos ambientes aquáticos, tende a provocar a intensificação das taxas erosivas, com consequente aumento no assoreamento. De modo geral, o assoreamento prejudica a fauna e flora lacustre e reduz a qualidade da água. Nesse sentido, para a análise de qualidade e grau de deterioração de um corpo hídrico, por meio de parâmetros físico, químicos e geoquímicos, pode-se associar a utilização de bioindicadores ambientais como organismos-resposta as alterações desses parâmetros. As amebas testáceas apresentam diversas vantagens para investigações ecológicas em escala espacial e temporal, sendo consideradas bioindicadoras da qualidade da água. Diante disso, objetivou-se verificar se a atual condição de assoreamento do lago Aratimbó (Umuarama – Paraná) tem causado alteração nesse ecossistema, mediante a utilização da comunidade bioindicadora de amebas testáceas para obter essa resposta. As amostragens foram realizadas em dois pontos, na região assoreada e não assoreada do lago, respectivamente. Foram registradas 21 espécies de amebas testáceas. Foram observadas diferença nos padrões abióticos entre os pontos analisados.  Isto acarretou na mudança da estruturação da comunidade de amebas testáceas (abundância, riqueza e dominância), salientando seu papel bioindicador em ambientes aquáticos e comprovando que o processo de assoreamento tem impactado a biota local. Assim, sugere-se que a resposta bioindicadora das amebas testáceas devem ser consideradas em pesquisas referentes às ações de recuperação de ambientes degradados urbanos, como os que sofrem ação de assoreamento, visando a manutenção da biodiversidade aquática.


Palavras-chave


Impacto Antrópico. Qualidade da água. Recursos Hídricos.

Texto completo:

PDF (Português)

Referências


Almeida, O. (2010). Qualidade da água de irrigação. Cruz das Almas, BA: EMBRAPA, 277.

Alves, G.M., Lansac-Tôha, F.A., Velho, L.F.M., Joko, C.Y., Costa, D.M. (2007). New records of testate amoebae (Protozoa, Arcellinida) for the Upper Paraná River floodplain. Acta Limnológica Brasiliensia, 19, 175-195.

Barroso, D. G.; Silva, M. L. N. (1992). Poluição e conservação dos recursos naturais: solo e água. Informe agropecuário, 16, 17-24.

Bonnet, L. (1975). Types morphologiques, écologie et évolution de la thèque chez les thécamoebiens. Protistologica, 11, 363-378.

Bottari, J. C.; Botari, A.; Oliveira, B. C.; Santos, L. N.; Daneluzzi, N.S.; Hatsumura, P.M. (2016). Análise ambiental urbana e proposta de intervenção nos bairros jardim Harmonia e jardim Aratimbó no município de Umuarama região noroeste do Paraná. XIV International Conference on Engineering and Technology Education. Salvador, BA, 5.

Bottrell, H. H.; Duncan, A.; Gliwicz, Z.M.; Grygierek, E., Herizing, A.; Hillbribrich-Ilkoska, A.; Kurazawa, H.; Larsson, P.; Weglenska, T. (1976). A review of some problems in zooplankton production studies. Norwegian Journal. Zoology, 24, 419-456.

BRASIL. Resolução nº 302, de 20 de março de 2002, Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 mar. 2005

Cabral, J. B. P. (2005). Estudo do processo de assoreamento em reservatórios. Caminhos de geografia, 6, 62-69.

Cammarota, M. C. (2013). Biotecnologia ambiental. Rio de Janeiro: [s.n.], 109. Disponível em: . Acesso em: 19 out. 2018.

Deflandre, G. (1928). Le genre Arcella Eherenberg. Archiv fur Protistenkunde, 64, 125-287.

Deflandre, G. (1929). Le genre Centropyxis Stein. Archiv fur Protistenkunde, 67, 322-375.

EIA – COPOL. (1999). Estudo de impacto ambiental: lago municipal Aratimbó. Construtora Oshima de projetos e obras.

Fay, E. F.; Silva, C. M. M. S.(2006). Índice de uso sustentável da água (ISA – Água) na região do sub médio São Francisco. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 157.

Foissner, W. (1999). Soil protozoa as bioindicators: pros and cons, methods, diversity, representative exemples. Agriculture, ecosystems and environment, 74, 95-112.

Gauthier-Lievrè, L., Thomas, R. (1958). Le genre Difflugia, Pentagonia, Marghrebia et Hoogenraadia (Rhizopodes Testacès) em Afrique. Archiv fur Protistenkunde, 103, 1-370.

Gauthier-Lievrè, L., Thomas, R. (1960). Le genre Curcurbitella Pènard. Archiv fur Protistenkunde, 10, 569-60.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Umuarama. Disponível em: . Acesso em: 15 de Ago. de 2018.

Kodama, G. S. (2016). Simulação da quantidade de sólidos carreados por águas pluviais para o lago Aratimbó em Umuarama/PR. Monografia, Universidade Estadual de Maringá, Umuarama, PR, 62, Brasil.

Lansac-Tôha, F. A., Velho, L. F. M., Costa, D. M., Simões, N. R., Alves, G. M. (2014). Structure of the testate amoebae community in different habitats in a neotropical floodplain. Brazilian Journal of Biology, 74, 181-190.

Lansac-Tôha, F.A. Et Al. (2004). Composition, species richness and abundance of the zooplankton community. In: THOMAZ, S.M. et al. (Ed.) The Upper Paraná River and its floodplain: physical aspects, ecology and conservation. Leiden: Backhuys Publishers, 145-190.

Leão, C. J.; Lepnitz, I. I.; Ferreira, F. (2009). Levantamento da biodiversidade de amebas testáceas em sedimentos de lagoas artificiais de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. Dissertação de Pós-Graduação em Geologia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, 12, Brasil.

Lorenzo, M. P. (2011). Caracterização dos impactos ambientais negativos e medidas mitigatórias do processo de assoreamento do lago Igapó. Monografia, Centro Universitário Filadélfia, Londrina, PR, 82, Brasil.

Mackereth, F.Y.H., Heron, J.R., Tailing, J.F. (1978). Water analysis: some revised methods for limnologists. Freshwater Biological Association - Scientific Publication. 36, 120p.

Mazei, Y., Warren, A. (2012). A survey of the testate amoeba genus Difflugia Leclerc, 1815 based on specimens in the E. Penard and C.G. Ogden collections of the Natural History Museum, London. Part 1: Species with shells that are pointed aborally and/or have aboral protuberances. Protistology, v. 7, p. 121-171.

Mazei, Y., Warren, A. (2014). A survey of the testate amoebae genus Difflugia Leclerc, 1815 based on specimens in the E. Penard and C.G. Ogden collections of the Natural History Museum, London. Part 2: Species with shells that are pyriform or elongate. Protistology, 8, 133-171.

Mugnai, R.; Nessimian. J. L.; Baptista, D. F. (2010). Manual de identificação de macroinvertebrados aquáticos do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Technical Books, 174.

Paulo, R. F. (2010). O desenvolvimento industrial e o crescimento populacional como fatores geradores do impacto ambiental. Revista veredas do direito, 7, 13-14, 173-189.

Porto, M. F. A. (2015). Aspectos qualitativos do escoamento superficial em áreas urbanas: Impactos sobre a qualidade da água do corpo receptor. In: Tucci, Carlos E. M.; Porto, Rubem L. L.; Barros, Mário T. (Org.). Drenagem Urbana. Porto Alegre/RS: Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 387-446.

Rios, M. B.C. (2014). Estudo de aspectos e impactos ambientais nas obras de construção do bairro Ilha Pura, Vila dos Atletas. Monografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 102, Brasil.

Schwind, L. T. F.; Arrieira, R. L.; Dias, J. D.; Simões, N. R.; Bonecker, C. C.; Lansac-Tôha, F. A. (2016). The structure of planktonic communities of testate amoebae (Arcellinida and Euglyphida) in three environments of the Upper Parana River basin, Brazil. Journal of Limnology, 75, 78–89.

Schwind, L. T. F.; Arrieira, R. L.; Simões, N. R. et al. (2017).Productivity gradient affects the temporal dynamics of testateamoebae in a neotropical floodplain. Ecological Indicators, 264– 269.

Schwind, L.T.F., Dias, J. D., Joko, C. Y., Bonecker, C. C., Lansac-Tôha, F.A. (2013). Advances in studies on testate amoebae (arcellinida and euglyphida): a scientometric approach. Acta Biological Science, 35, 549-555.

Scott, D.B.; Medioli, F.S.; Schafer, C.T. (2001). Monitoring in coastal environments using foraminifera and thecamoebian indicators. Cambridge University Press.

Silva Junior, V. de P. E et al. (2012, novembro). Calibração de turbidímetro para estimativa da concentração de sedimento em suspensão como parâmetro de qualidade. Anais do XI Simpósio de Recursos Hidrícos do Nordeste, João Pessoa, PB, Brasil.

Silva, S.S. (2016). Estrutura e dinâmica da assembleia de amebas testáceas (amoebozoa: rhizopoda) em uma bacia hidrográfica tropical. Dissertação de Programa de Pós-Graduação, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, BA, 62, Brasil.

Souza, M.B.G. (2008). Guia das tecamebas. Bacia do rio Peruaçu - Minas Gerais. Subsídio para conservação e monitoramento da bacia do rio São Francisco. Belo Horizonte: Editora UFMG, 159.

Sposito, M. E. B. (2000). Capitalismo e urbanização. São Paulo: Contexto, 80.

Statsoft Inc. (2005). Statistica for Windows (data analysis software system), version 7.1. Tulsa: Statsoft Inc.

Takeda A. K., Mendes F. M., Marin L. M. (2011). Avaliação da qualidade da água do lago Aratimbó no município de Umuarama (PR). XIII Encontro Maringaense de Biologia, Maringá, PR, Brasil, 23.

Thomann, R. V.; Mueller, J. A. (1987). Principles of Surface Water Quality Modeling and Control. New York: Harper & Row, 643.

Thorton, K.W.; Kimmel, L. B.; Fonest, E. P. (1990). Reservoir Limnology ecological perspectives. New York: John Wiley, 246.

Tomazoni, J. C.; Mantovani, L. E.; Bittencourt, A. V. L.; Rosa Filho, E. F. (2005). Utilização de medidas de turbidez na quantificação da movimentação de sólidos por veiculação hídrica nas bacias dos rios Anta Gorda, Brinco, Coxilha Rica e Jirau – sudoeste doestado do Paraná. Boletim Paranaense de Geociências, 57, 49-56.

Tucci, C. (2008). Águas urbanas. Estudos Avançados, 22, 63, 97-112, 156.

Tucci, C. E. M. (2012). Gestão da drenagem urbana. CEPAL: Brasília, 50.

Umuarama. Lei Complementar nº. 441, de 19 de dezembro de 2017, dispõe sobre o Uso e Ocupação do Solo – Zoneamento – e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 25 de ago. de 2018.

Umuarama. Lei Complementar nº. 445, de 07 de maio de 2018, institui o Plano Diretor Municipal (PDM) de Umuarama. Disponível em: < http://www.legislador.com.br/LegisladorWEB.ASP?WCI=LeiTexto&ID=13&inEspecieLei=2&nrLei=445&aaLei=2018&dsVerbete=>. Acesso em: 25 de ago. de 2018.

Velho L. F. M., Lansac-Tôha F. A., Bonecker C. C., Zimmermann-Callegari M. C. (2000). On the occurrence of testate amoebae (Protozoa, Rhizopoda) in Brazilian inland waters. II. Families Centropyxidae, Trigonopyxidae and Plagiopyxidae. Acta Biologica Science, 22, 365-374.

Velho, L. F. M.; Bini, L. M.; Lansac-Tôha, F. A. (2004). Testate amoeba (Rhizopoda) diversity in plankton of the Upper Paraná River Floodplain, Brazil. Hydrobiologia, 523, 103-111.

Velho, L.F.M., Lansac-Tôha, F.A. (1996). Testate amoebae (Rhizopodea - Sarcodina) from zooplankton of the high Paraná river floodplain, State of Mato Grosso do Sul, Brazil: II. Family Difflugidae. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 31, 179-192.

Velho, L.F.M., Lansac-Tôha, F.A., Serafim-Junior, M. (1996). Testate amoebae (Rhizopodea- Sarcodina) from zooplankton of the high Paraná river floodplain, State of Mato Grosso do Sul, Brazil. I. Families Arcellidae and Centropyxidae. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 31, 135-150.

Ward, J. V.; Stanford, J. A. (1982). Thermal responses in the evolutionary ecology of aquatic insects. Annual review of entomology, 27, 97-117.

Yokoyama, E.; Paciencia, G. P.; Bispo, P. C.; Oliveira, L. G.; Bispo, P. C. (2012). A sazonalidade ambiental afeta a composição faunística de Ephemeroptera e Trichoptera em um riacho de Cerrado do Sudeste do Brasil. Revista Ambiência Guarapuava, 8, 1, 73-84.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2021 Ana Paula Moreira Tito, Leilane Talita Fatoreto Schwind

Meio Ambiente (Brasil) | ISSN: 2675-3065

CC-BY 4.0 Revista sob Licença Creative Commons
Language/Idioma
02bandeira-eua01bandeira-ingla
03bandeira-spn